MAIS CIÊNCIA NA ESCOLA

Quilombo Abolição recebe projeto da Unemat de incentivo a jovens cientistas

Por Keka Werneck
03/06/2025

Na comunidade, já está em atividade o laboratório do projeto, com impressora 3D, tablets de telas imersivas, notebooks, televisão e outros equipamentos avançados (Foto: Keka Werneck)

O Quilombo Abolição, em Santo Antônio do Leverger (MT), tem uma história de resistência. Surgiu como abrigo para a família de Dionísio Antônio Vieira, que fugia de ameaças sofridas em Goiás, após o decreto oficial de alforria aos negros e negras. O cenário era inseguro e se refugiar, uma questão de sobrevivência. Há 20 anos atrás, a comunidade foi reconhecida como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares. Hoje possui 400 moradores, que vivem da produção de rapadura, açúcar mascavo e outros derivados da cana-de-açúcar, além da agricultura familiar. Ainda enfrentam desafios, como a falta de regularização fundiária, mas aprenderam ao longo do tempo que o que têm de mais relevante é a sua trajetória e a força da cultura negra.

O projeto é realizado pela Unemat na Escola Estadual Quilombola Maria de Arruda Muller (Foto: Keka Werneck)

É neste lugar, de grande importância para história de resistência negra do Estado e do País, que o projeto Mais Ciência na Escola em Mato Grosso acaba de chegar. O projeto é realizado pela Univiversidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) na Escola Estadual Quilombola Maria de Arruda Muller. O Mais Ciência na Escola é um programa do Governo Federal e envolve os ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, o Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia (FNCT), com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Na comunidade, já está em atividade o laboratório do projeto, com impressora 3D, tablets de telas imersivas, notebooks, televisão e outros equipamentos avançados. Esses laboratórios são o coração do projeto Mais Ciência na Escola em Mato Grosso, que enxerga um potencial cientista em alunos quilombolas, indígenas e de comunidades tradicionais, dando a eles a oportunidade de pesquisar seus saberes, suas realidades, para a partir daí compreenderem o mundo.

"Um projeto muito bonito, que nos faz manter a utopia, a esperança nesses jovens, como cidadãos que irão tomar decisões no futuro, que irão entrar nas universidades, sair da condição de negligenciados e participar das transformações do nosso País", acredita Lisanil da Conceição Patrocínio Pereira, professora da Unemat e coordenadora do projeto no Estado, que está levando laboratórios avançados a 15 escolas estaduais de Mato Grosso.

O diretor da Escola Estadual Quilombola Maria de Arruda Muller, Urias Bom Despacho e Silva, afirma que a Abolição está muito feliz por ter sido lembrada: os alunos, seus pais, profissionais do ensino, os moradores em geral. "Quando trabalhamos com pesquisa, estamos literalmente plantando a semente do conhecimento. Então, agradecemos o privilégio de sermos contemplados. Iremos fazer do laboratório um campo de aprendizado para evolução da nossa comunidade", afirmou.

O projeto enxerga um potencial cientista em alunos quilombolas, indígenas e de comunidades tradicionais, dando a eles a oportunidade de pesquisar seus saberes, suas realidades, para a partir daí compreenderem o mundo (Foto: Keka Werneck)

Coordenadora da escola, Eva Nunes Silva, é só alegria. “Estou muito feliz, pois esse projeto, além de melhorar muito a escrita dos alunos, também trará visibilidade para a nossa comunidade. Desta forma, estamos dando início a futuros pesquisadores. Só o processo de fazer currículo lattes desse meninos e meninas já foi um avanço dentro da escola".

Para a professora Rosilene Rodrigues Maruyama, coordenadora do Mais Ciência na Escola Quilombola Maria de Arruda Muller, esta é uma oportunidade de valorização dos alunos, da unidade escolar em si e da comunidade. "Desde que a escola foi criada a gente vem evidenciando as práticas quilombolas e agora, com este laboratório, nossos alunos avançarão ainda mais nas pesquisas sobre a nossa história, a nossa cultura, a nossa vida, sabendo que ela tem sim muito valor".


Assessoria de Comunicação - Unemat

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