Nesta última quarta-feira (4), a comunidade de Capão Verde, em Alto Paraguai, a 218 km ao norte de Cuiabá, realizou um evento especial para marcar os 42 anos da morte de Henrique José Trindade. A celebração, organizada pelo Centro de Direitos Humanos Henrique Trindade, ocorreu na Escola Estadual Henrique José Trindade e contou com a participação do curso de Agronomia da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), que esteve presente com estudantes e professores, integrando as atividades do evento. Moradores, autoridades e estudantes se reuniram em um dia de homenagens e reflexão sobre o legado de Henrique Trindade.

Henrique Trindade foi um líder comunitário que lutava pela posse da terra onde hoje se localiza a comunidade de Capão Verde. Em 1982, ele foi assassinado por agentes do Estado de Mato Grosso, em um crime que marcou profundamente a região e evidenciou os conflitos agrários da época. O assassinato de Trindade simboliza a violência enfrentada por aqueles que defendiam o direito à terra, deixando um impacto duradouro na comunidade.

A Unemat, ao oferecer o curso de Agronomia na comunidade de Capão Verde, e fazer a universidade ter uma relação com a população local, também faz parte das medidas de reparação do estado de Mato Grosso para a família e a comunidade de Henrique Trindade. Essas ações integram o acordo de reparação assinado com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), devido à falta de resolução do caso e à impunidade dos autores do homicídio, que visam superar a violência e promover a paz nas relações sociais.

A programação começou com um desfile cívico, que contou com a participação dos estudantes da escola e da turma de Agronomia da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Em seguida, uma celebração ecumênica reuniu a comunidade em um momento de união e reflexão.

Um dos momentos mais emocionantes foi a entrega do busto de Henrique José Trindade, criado pelo artista plástico Jonas Correia, e instalado na escola como um símbolo de resistência e memória.

Durante o evento, a moradora Maria Aparecida, que estava na comunidade na época do assassinato, destacou a importância de relembrar a história e de educar as novas gerações sobre o impacto que o acontecimento teve para todos.

Maria Aparecida, moradora de Capão Verde, compartilha suas lembranças e destaca a importância de manter viva a memória de Henrique Trindade durante o evento em homenagem aos 42 anos de sua morte. (Foto: Augusto Silva)

O presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos de Mato Grosso, Inácio Werner, ressaltou a relevância do evento: “Queremos mostrar à comunidade o que Henrique Trindade representa para a sociedade mato-grossense.”

Entre os presentes estavam o ouvidor geral de polícia do Estado de Mato Grosso, Teobaldo Witter; o professor doutor José Roberto Rambo, da UNEMAT; a coordenadora da Escola Estadual Henrique Trindade; e Eide Ferreira Trindade, filha de Henrique Trindade, que acompanhou a celebração em memória de seu pai.

Os 42 anos de memória de Henrique Trindade reafirmam a importância de preservar a história de luta e resistência do povo trabalhador e em favor da vida e dos direitos humanos, reforçando o compromisso com a justiça social e a paz.